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Melhor que Emília anuncie a vida do que viver dando brecha pra morte!
Por Ferreira Filho
Por Ferreira Filho
Publicado em 07/06/2025 09:24
COLUNA

A política é, por essência, uma atividade temporária. Mulheres e homens que se lançam ao desafio de representar o povo sabem — ou deveriam saber — que seus mandatos têm começo, meio e fim. A representação não é um reinado vitalício, mas um contrato com prazo de validade, firmado com o voto popular. E, como todo contrato, implica responsabilidades, riscos e escolhas.

 

No período que antecede as eleições, os nomes que pleiteiam cargos se lançam ao julgamento público com promessas, ideias e projetos. E não são apenas os candidatos que criam expectativas — os bastidores fervem com os olhos atentos de setores econômicos, políticos e até pessoais, que se posicionam esperando saber se serão beneficiados, afetados ou simplesmente ignorados.

 

Mas há algo que está acima de qualquer projeto político: a vida. E é por isso que causa perplexidade a tentativa de transformar a segurança pessoal da prefeita de Aracaju, Emília Corrêa, em polêmica de palanque. Discutir o uso de um veículo blindado como se fosse um luxo ou uma vaidade revela mais sobre a miopia de parte da crítica política do que sobre a real dimensão da decisão.

 

Emília é a primeira mulher eleita prefeita de Aracaju — um fato carregado de simbolismo e peso histórico. Mas para além do marco de gênero, ela tem se mostrado uma gestora que não se acovarda diante de estruturas viciadas. Rompeu com práticas velhas, enfrentou setores tradicionalmente blindados por interesses e não hesitou em corrigir rotas quando necessário. Foi assim, por exemplo, na gestão da coleta de lixo — uma área espinhosa, marcada por contratos polêmicos, onde a prefeita não hesitou em agir com firmeza.

 

Seu discurso de campanha não foi apenas retórico. "Romper o sistema" e "furar a bolha" são expressões que, na boca de muitos, soam como slogans vazios. No caso dela, tornaram-se prática. E essa prática cobra um preço. Quando se mexe em vespeiro, é natural que os ferrões se levantem. Portanto, a adoção de medidas de segurança pessoal não é paranoia, é prudência.

 

É justo esperar transparência e responsabilidade na gestão pública — inclusive nos gastos com segurança. Mas é desonesto colocar a vida de uma autoridade pública, especialmente uma que desafia interesses tão arraigados, na vitrine da crítica rasa.

 

Emília não é maior que Aracaju — e ela mesma sabe disso. Mas é humana, e sua vida importa. Importa para sua família, para os que nela confiaram e até para os que hoje a criticam. O cargo que ocupa não a torna imune a ameaças, pelo contrário. A história do Brasil está cheia de capítulos trágicos que começam exatamente onde termina a proteção devida.

 

Melhor que Emília anuncie a vida, com coragem e segurança, do que viva dando brecha pra morte. Porque a política, ao fim, só faz sentido se for para servir à vida — não para sacrificá-la.

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